Segunda-feira, seis da manhã.
“Trim, trim…”
O despertador do celular toca.
E você não quer sair da cama.
Isso pode significar duas coisas muito diferentes. Talvez você esteja apenas cansado(a) — precisando de umas horas a mais porque o fim de semana foi cheio: festa, viagem, exercício, gente. E tudo bem! Cansaço se resolve com descanso.
Mas… e se o problema não for o corpo, e sim a mente/alma?
E se o que te trava ali, entre o travesseiro e o mundo, for o peso de uma vida que não parece mais ter sentido?
Aí já não é mais só cansaço. Talvez seja estresse crônico, desalinhamento, vazio.
E é justamente sobre isso que gostaria de falar hoje.
Seja bem-vindo ao Despertar do eu, Eu sou Eliz Völkel, psicoterapeuta, especialista em Terapia do Esquema, Hipnose Ericksoniana e uma estudiosa de outras abordagens profundas e baseadas em ciência e alma.
Hoje, nosso tema é: vida com propósito.
E eu te convido a mergulhar comigo.

Hoje, nosso tema é: vida com propósito.
E eu te convido a mergulhar comigo.
Começamos com uma pergunta simples e desconcertante:
Por que você faz o que você faz?
Não “o que você faz”, mas o porquê.
Porque sem esse “porquê”, a vida vira só uma sequência de tarefas, boletos e obrigações.
E ninguém aguenta viver só no modo automático por muito tempo sem adoecer — seja no corpo, na mente ou na alma.
E aqui entra um ponto importante da psicologia: propósito não é sobre grandes feitos, como “mudar o mundo”, “encontrar a missão da sua alma”, ou “ser feliz o tempo todo”. Propósito é sobre coerência interna. É quando suas ações, valores e emoções estão mais ou menos na mesma direção. Mesmo que a vida esteja difícil, mesmo que haja sofrimento — se houver sentido, a dor se torna suportável.
Viktor Frankl, psiquiatra e sobrevivente dos campos de concentração, se inspirou na frase de Friedrich Nietzsche para escrever o livro de sua experiencia vivida:
“Quem tem um porquê enfrenta qualquer como.”
Viktor Frankl era um jovem psiquiatra austríaco quando foi capturado pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
Ele foi deportado para Auschwitz junto com seus pais, esposa e irmão. Todos morreram. Só ele sobreviveu.
Perdeu tudo: família, manuscritos de sua teoria psicológica (a Logoterapia), liberdade, nome, bens. Foi reduzido a um número tatuado no braço.
Um dia, enquanto limpava o chão do campo de concentração, doente, magro, faminto e vendo a morte como rotina, ele teve um insight brutal e transformador.
Ele percebeu que, apesar de tudo o que haviam tirado dele — havia algo que ninguém poderia tirar: a liberdade de escolher sua atitude diante do sofrimento.
Nesse momento, nasceu o coração da sua teoria:
O ser humano pode suportar qualquer dor, se encontrar um sentido para ela.
Frankl viu colegas morrerem mais rápido quando perdiam a esperança. E viu outros resistirem, mesmo em condições sub-humanas, porque encontraram um “porquê” — uma lembrança, uma missão, um amor.
Ele sobreviveu ao campo, escreveu o livro “Em busca de sentido” em 9 dias, e passou o resto da vida ensinando que o propósito é o que sustenta a alma — até nos momentos mais sombrios.
E veja, não estamos falando de “sentir-se motivada o tempo todo” — isso é uma ilusão moderna vendida em posts de Instagram.
O propósito real é silencioso. Às vezes sussurra. Às vezes quase desaparece. Mas ele está lá, como uma bússola interior.

Agora, vamos aprofundar um pouco.
Na perspectiva da Terapia do Esquema, uma das causas mais comuns do vazio existencial é a desconexão com as necessidades emocionais básicas:
Essas necessidades são como nutrientes psíquicos. Quando não são atendidas, a gente pode até “funcionar”, mas vai adoecendo por dentro — perdendo brilho, tesão pela vida, propósito.
Vou te contar quais são essas necessidades e dar alguns exemplos pra você identificar se alguma delas anda negligenciada aí dentro.
- Pertencimento
É a necessidade de sentir que você faz parte de algo — de um grupo, uma família, uma comunidade onde é aceita do jeito que é.
Exemplo:
Você está rodeada de gente, mas sente que precisa vestir uma máscara o tempo todo. Tem medo de ser rejeitada se mostrar sua verdade. Ou talvez você se sinta sempre “a diferente”, como se nunca coubesse totalmente em lugar nenhum.
Isso é fome de pertencimento. - Autonomia: É o direito de ter voz sobre sua própria vida. De fazer escolhas, tomar decisões, errar, aprender. Exemplo: Você tem 35 anos, mas sua mãe ainda decide o que você deve fazer. Ou seu parceiro quer controlar tudo — desde o que você veste até com quem sai. Você sente que vive num cercadinho. Isso é carência de autonomia.
- Identidade autêntica: É a liberdade de ser quem você é, sem precisar se adaptar o tempo inteiro pra agradar os outros. Exemplo: Você nem sabe mais o que realmente gosta — só faz o que os outros esperam. Na infância, foi ensinada a ser “boazinha”, “certinha”, e até hoje sente culpa por dizer “não” ou frustrar alguém. Você virou um camaleão emocional.Essa é uma identidade sufocada.
- Liberdade para expressar sentimentos e necessidades: É poder dizer “estou triste”, “estou cansada”, “preciso de ajuda” sem medo de julgamento, punição ou abandono. Exemplo: Você aprendeu a ser forte, a dar conta de tudo. Mas chorar é motivo de vergonha. Mostrar fraqueza, então, nem pensar. Resultado: você engole tudo e depois se pergunta por que vive ansiosa, tensa, exausta. Essa necessidade emocional está represada.
- Senso de significado pessoal: É sentir que sua existência importa. Que há um motivo para estar aqui, além de sobreviver. Exemplo: Você faz tudo “certo”: trabalha, paga contas, cuida dos filhos, tem um currículo impecável. Mas sente um buraco. Um tédio existencial. Como se a vida tivesse perdido a cor. Essa é a ausência de sentido — o solo onde cresce o vazio existencial.
Percebe?
Quando uma ou mais dessas necessidades são ignoradas por tempo demais, a vida vira só uma sucessão de obrigações.
E você pode até “dar conta” — mas no fundo sente que está vivendo uma vida que não é sua.
O que é devastador não é o trabalho, a rotina, ou o cansaço.
É viver desconectado(a) de si mesmo(a).
Quando a vida que a gente leva fere uma ou várias dessas necessidades, acabamos vivendo no modo sobrevivência — e não no modo significado.
Acordamos, vivemos, entregamos, mas no fundo algo dentro grita: “Isso não é pra mim.”
E o corpo sente. A mente protesta. A alma se arrasta.
E talvez você esteja nesse ponto agora.
Na cama, seis da manhã, sem vontade de levantar.
E isso nao é uma sentença de morte, tá tudo bem se estiver assim.
Você não precisa resolver tudo hoje, porém precisa fazer a pergunta certa:
O que em mim está pedindo mudança?
O que eu preciso lembrar ou resgatar para que a minha vida volte a ter um sentido que faça meus olhos brilharem de novo — nem que seja só um pouco por dia?
Então, como começar a se reconectar com seu propósito?
Vou te propor três perguntas terapêuticas — daquelas que não têm resposta rápida, mas que podem mudar tudo se você levá-las a sério:
- O que em mim está pedindo para ser ouvido?
— Aquela emoção que vive sendo abafada. A parte sua que vive no modo “tudo bem”, quando não está. - O que eu faria com meu tempo se não houvesse cobrança, medo ou julgamento?
— Essa pergunta revela o que te move de verdade. Não o que esperam de você, mas o que pulsa. - O que na minha rotina me aproxima — e o que me afasta — da minha essência?
— Porque às vezes não é a vida que está errada, é só a forma como você está se relacionando com ela.
Não espere encontrar o propósito como quem acha uma chave perdida.
Ele é um processo, não um destino.
Às vezes, ele começa como um incômodo — um sussurro que diz “isso aqui não está certo” — e vai se revelando aos poucos, à medida que você tem coragem de ouvir sua própria verdad
A boa notícia?
Você não precisa fazer isso sozinha.
E se quiser aprofundar esse processo comigo, me chama no Instagram @psi.elizvolkel.
E compartilha esse texto com alguém que você ama e que anda precisando lembrar que ainda existe caminho — mesmo quando a vontade é de não sair da cama.
“Propósito não é algo que você encontra. É algo que você vive.”

